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,21/11/2024

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Marcéu Pierrotti reflete sobre a vida em novo espetáculo: 'Histórias que mexem muito comigo' 

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Marcéu Pierrotti reflete sobre a vida em novo espetáculo: 'Histórias que mexem muito comigo' 

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Marcéu Pierrotti reflete sobre fragilidade masculina e paternidade em espetáculo teatral
Whangeuod/Divulgação





Após brilhar como Sidney na série Até Onde Ela Vai, Marcéu Pierrotti volta aos palcos cariocas nesta quarta (3), com o espetáculo 3 Meses e 3 Dias. A peça é composta por dois monólogos escritos e interpretados por ele e pelo ator Ricardo Burgos. 

Responsável também pela direção, Marcéu Pierrotti reflete em entrevista ao R7.com sobre o enredo da peça, que retorna para sua segunda temporada em 2024.

“São histórias que mexem muito comigo e com Ricardo. Queríamos entender até que ponto o que criamos gerava uma identificação e é impressionante como a peça foi muito bem recebida. Sentimos que dialoga tanto com pessoas do meio, que se interessam pela parte técnica e estética, como também com o público geral. Cada pessoa se identifica com um caminho da peça. Essa é a minha quinta direção e é a peça mais autoral que já fiz”, afirmou. 




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Com elementos autobiográficos e ficcionais, 3 Meses e 3 Dias leva o público a pensar sobre questões que envolvem o luto e remetem à história de vida de Marcéu. O ator e diretor perdeu o pai de maneira abrupta para um infarto, há quase sete anos. A arte — o teatro em específico — o ajudou a lidar com essa situação.

“Sinto que a arte sempre me ajuda a pensar sobre a vida, a elaborar sobre nossa condição humana e o momento em que eu estou. Já utilizei o teatro para entender a perda e o luto. Esse tema sempre está às voltas comigo, porque só um tempo depois que fui tocar nele, e já o enxergo com um certo distanciamento. E estava interessado em explorar esse caminho do monólogo como ator”, confidenciou.










Marcéu decidiu montar a peça com Ricardo Burgos após ler o monólogo do amigo
Whangeuod/Divulgação





Marcéu prosseguiu ao analisar o papel fundamental que a arte desempenha em sua vida a fim de tratar questões necessárias para o crescimento humano. 

“É uma peça que serviu para matar uma saudade também. Sempre que entro em cena me conecto com as memórias. Por mais que seja uma criação, tem um contato da ficção com a realidade, de levantar questões ainda vivas em mim, e algumas outras que podem estar vivas em outras pessoas. Algumas delas foram questões de muitos anos atrás e que hoje já estão elaboradas internamente, então tenho tranquilidade de levá-las ao palco”, explicou.

Apesar da proximidade com o tema da perda e do luto, o ator e diretor garantiu que o trabalho não entra na exposição da intimidade.

“Não entra em um lugar catártico, onde queremos elaborar uma dor. Existe esse ponto de contato, mas acima de tudo queremos trocar com a plateia. É sobre levantar reflexões através da dramaturgia com o público e conectá-las com suas próprias vidas”.










Ator perdeu o pai de maneira repentina
Whangeuod/Divulgação





Muito interessado em entender a mente humana e com grande conexão com o estudo da psique — o ator é de uma família de psicólogos e, o pai, era psiquiatra, Marcéu ressaltou a importância da peça em lidar com assuntos tabus sem pesar a mão. 

“É importante deixar claro que a peça não aborda o luto de uma forma pesada, na relação de como a sociedade olha a morte. É uma peça que tem momentos cômicos, leves e oníricos e uma relação com a memória que é muito importante, de entender o funcionamento desse cérebro e como acessamos as memórias. E também como é isso dentro do masculino, desse homem que se permite sentir e chorar. E como o luto se desloca dentro desses homens”. 

A fragilidade masculina é recorrente no espetáculo, e debatida na sociedade atual sob diferentes óticas. Daí a importância em aprofundar o assunto através dos monólogos de Ivan, personagem de Marcéu, neurocirurgião experiente, que questiona suas habilidades e enfrenta o medo de não ter conhecido verdadeiramente o pai, morto prematuramente. E também de como o personagem de Ricardo Burgos (Caio) lida com a perda do filho em decorrência de um acidente doméstico. 










3 Meses e 3 Dias traz questões pertinentes à atualidade
Whangeuod/Divulgação





O formato da peça, como monólogo, abre caminho para a discussão: “Ele está em uma via de reflexão com o público e dá a liberdade de falar tudo aquilo que o atravessa. Não tem que manter uma máscara social”, contou. 

Durante o espetáculo, a plateia compreende o entrelaçamento das histórias e dos temas:

“Ao escutar o segundo monólogo, o público percebe e preenche as lacunas, entendendo a história como um todo”, garantiu Marcéu. 

Ainda sobre a masculinidade nos dias de hoje, para o ator é importante não ser superficial nem panfletário: “Acredito na arte nesse lugar de não trazer a resposta. Quando a gente fala de fragilidade masculina, é a fragilidade da vida. Mas há o ponto ali desse homem duro que não sente, não chora, que tem uma cisão com o sentimento, e que é uma grande mentira. Ainda bem que estamos desmistificando isso”.

Ao tratar do homem que se permite sentir e chorar, Marcéu analisou:










A peça estreia dia 3 de abril e fica em cartaz até o início de maio
Whangeuod/Divulgação





“Esses sentimentos fazem parte da vida. Muitas vezes, com medo de sentir, em uma sociedade que sempre empurra um dia feliz, a gente vai separando as questões existenciais que passam pela gente. Só é possível ter momentos de felicidade e plenitude se conseguimos acessar esses momentos de dor”. 

Com temas tão íntimos e intrínsecos à condição humana, Marcéu apontou o que o público assistirá em 3 Meses e 3 Dias: “É sobre aproveitar cada momento da vida. Se o público sair dali mais sensível com a vida, pensando mais nos seus entes queridos, dores e amores, já valeu a pena. No fundo, é sobre isso, reacender a sensibilidade que a gente vai perdendo no dia a dia”. 



Serviço:




Temporada: de 3 de abril a 2 de maio (excepcionalmente, no dia 18 de abril não haverá apresentação)

Dias e horários: quartas e quintas-feiras, às 20h30 

Duração: 90 minutos 

Classificação: 12 anos 

Local: Solar de Botafogo (Rua General Polidoro, 180, Botafogo) 

Capacidade: 175 lugares 



Ficha técnica:




Dramaturgia: Ricardo Burgos 

Direção e colaboração dramatúrgica: Marcéu Pierrotti 

Atuação: Marcéu Pierrotti (Ivan) e Ricardo Burgos (Caio) 

Interlocução artística: Camila Moreira 

Iluminação: Fernanda Mantovani 

Direção de movimento e preparação de atores: Thiago Félix 

Figurino: Vitor Roque 

Cenário: Marcéu Pierrotti 

Trilha sonora: Seth Evans 

Operação de som: Anna Padilha 

Coordenação de produção: Joaquim Vidal 

Realização: Hit the Lens e Marcéu Pierrotti Prod.




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